sexta-feira, 16 de abril de 2010



Embora simples na linguagem, as idéias incrustadas nas poesias de Paulo Leminski têm um quê de rebuscamento e sofisticação. A autêntica criatividade ao expressar-se o tornou um dos mais célebres poetas brasileiros.

Sendo assim, Paulo talvez tivesse considerado a existência da arte como criação e produção de vida, de força de vida, e do mundo. O processo criativo para ele parece ter sido uma vivência organísmica.

Ainda lembro...

"Paulo Leminski a quem não interessava nada que não contivesse idéias e poesia, viveu nessa vida como um exilado."

Alice Ruiz, esposa.

"Como pai o Paulo não era nada tradicional. Ele preferia me levar passear nos campos do intelecto e da história. Por exemplo, quando lhe perguntei o que era a revolução russa e ele parou tudo que estava fazendo para me explicar, dar uma aula detalhada, com paixão e precisão. Não satisfeito, escreveu um livro, a biografia de Trotsky e, generosamente, dedicou a mim. A partir deste momento eu soube qual era o caminho para o seu coração: o mundo das idéias, do pensamento, da criação, da palavra."

Aurea Leminski, filha.

"Ele me fascinou e fascinaria em qualquer época pois era uma pessoa fora do comum, extrovertido, sempre alegre."

Neiva Maria de Souza, desenhista e ex-mulher.

"Em 1983, eu fiz uma exposição na sala da Funarte, em Curitiba, chamada Nuvimento. Como eram trabalhos centrados na figura da mulher eu pedi a Alice que fizesse um poema para apresentar a mostra. Quando soube, o Paulo veio conversar comigo e pedir satisfações. Queria saber por que eu não tinha pedido um texto para ele. Estava com ciúmes."

Nego Miranda, fotógrafo.

"Convivemos muito. Ele era uma pessoa generosa. Uma das lembranças mais fortes que guardo dele é de quando o Nhô Belarmino (o músico e cantor sertanejo Salvador Graciano), de quem o paulo gostava muito, morreu. Ele me procurou e perguntou se eu queria compor com ele uma canção em homenagem. Eu disse que sim e ele já mostrou o texto,lindíssimo, pronto. O Paulo não era de endeusar ninguém, muito pelo contrário, mas, por outro lado, gostava das coisas simples, e quando o Belarmino morreu ele ficou visivelmente emocionado, tocado mesmo."

Marinho Galera, músico e parceiro.

"O Leminski por trás de toda a fleuma de intelectual polêmico, era um sujeito dócil e muito engraçado."



Jaime Lechinski, jornalista.

# *Texto de autoria de Juju Fontoura publicado na primeira edição da revista autoral "Releitura" produzida em junho, como prática pedagógica do programa de aprendizagem Produção Editorial em Revista do curso de Comunicação Social - Jornalismo da PUCPR.

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