Eu não quero carreira, não quero dinheiro, não quero sucesso, bens, carro, casa, uma gorda conta bancária, férias uma vez por ano na praia, ou no exterior. Não quero ter uma lancha, ou um jet ski, ou milhas no cartão pra voar a hora que quiser. Eu não quero agradar pais, filhos, vizinhos, parentes, amigos. Eu tenho pouco tempo pra isso. Os primeiros anos da vida são como os primeiros chocolates daquela caixa que a criança ganha de presente, ela devora vários verozmente, sem pensar, mais do meio pro fim, ela já os come mais devagar, pedaço por pedaço, escolha os sabores...
Não quero perder o meu tempo com as ilusões que me ensinaram, só quero aprender outras coisas que aqui não ensinam, ir embora pra algum lugar, vários lugares, descobrir outro amanhecer, outro entardecer, conquistar outras mães, pais, irmãos, filhos. Gritar, sorrir, chorar, dançar, dormir, trabalhar, amar, trepar, odiar, pensar, errar, acertar, e outros verbos mais que me vier à cabeça no lugar que me surgir.
Desespero por ficar sozinha, longe do espaço natural e das influências que me fizeram, para quem sabe me descubra quem realmente eu sou.
Mas covardemente ainda estou aqui, presa às convenções, transferindo minhas mágoas, magoando outras pessoas, esperando o momento chegar, sabendo que,quem faz este momento sou eu.
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